Igreja Evangélica Metodista Portuguesa

 

A origem da Igreja Metodista em Portugal resultou do testemunho de dois leigos ingleses, Thomas Chegwin, em 1854, e James Cassels, dez anos mais tarde. Ambos foram responsáveis pela iniciação de pequenos grupos no estudo bíblico e na oração.

 

A Igreja Evangélica Metodista Portuguesa, estabelecida oficialmente em Portugal desde 1871, tem sido fiel aos princípios do Evangelho e aos ideais do Metodismo que emanaram de João Wesley. O Rev. Robert Moreton, enviado pela Igreja Metodista de Inglaterra foi quem organizou a Igreja. Era um homem prudente, que só recebia membros após um período de prova prolongada. Em poucos anos a Igreja Metodista edificava a Igreja Metodista do Mirante, o seu primeiro lugar de culto na cidade do Porto, e lançava a sua grande cruzada educacional contra a grande taxa de analfabetismo através da abertura das Escolas Primárias. Entretanto, foram-se afirmando os futuros líderes espirituais da Igreja, sendo o Dr. Alfredo Henriques da Silva, que sucedeu a Moreton, o mais destacado, tendo expandido a obra da Igreja ao longo dos anos mais favoráveis da I República. Entre 1920 e 1940, a Igreja Evangélica Metodista Portuguesa atravessou o seu período de expansão mais frutífero, recrutando membros de todas as classes sociais, aumentando o número das suas Escolas e confirmando-se como uma das mais dinâmicas e prestigiadas Igrejas Evangélicas do País.

Durante esta era a Igreja editou várias publicações de boa qualidade espiritual e intelectual, a mais notável das quais foi o mensário «Portugal Evangélico», que é, ainda, a mais antiga publicação evangélica portuguesa em circulação.

 

O isolamento criado pela Segunda Guerra Mundial, uma ditadura prolongada, a falta de continuidade de liderança quando Alfredo da Silva começou a envelhecer e o pequeno número de pastores, originaram uma crise de liderança, que o Sínodo procurou resolver pedindo uma vez mais, à Igreja Metodista de Inglaterra, apoio pastoral. Isto resultou no envio do Rev. Stanley G. Wood e, em 1954, do Rev. Albert Aspey, que durante 29 anos assumiu a liderança da Igreja. Ao longo deste tempo floresceram novas áreas de trabalho, o número de ministros aumentou, a Igreja envolveu-se no movimento ecuménico e, embora forçada a fechar as suas Escolas Primárias, reorientou os seus programas sociais, concentrando-os noutras áreas e tipos de serviço à comunidade, tais como projectos de apoio às crianças e aos idosos.

 

Em 1984 a Igreja retornou à liderança nacional, quando o Rev. Ireneu da Silva Cunha foi eleito Superintendente-Geral e Presidente do Sínodo. No ano seguinte o Sínodo, numa reunião em Aveiro, tomou a decisão de que a Igreja devia preparar-se para a sua autonomia. Com a aproximação do 125º. aniversário da chegada do Reverendo Moreton ao Porto, e após uma consulta com a Sociedade Missionária Metodista, o Sínodo de 1994 deliberou redigir os necessários Estatutos e Regulamentos, e abordar a Conferência da Igreja Metodista da Grã-Bretanha com vista a assumir a autonomia como Igreja Evangélica Metodista em 1996. O que veio a verificar-se, tendo sido esse ano marcante na vida da Igreja Metodista Portuguesa. Em 18 de Fevereiro, no Fórum da Maia, celebraram-se os 125 Anos da Igreja Metodista com metodistas de todo o País, em 16 de Março, no Sínodo realizado em Braga, foi aprovada a «Constituição e Disciplina da I.E.M.P.» (novos Estatutos e Regulamentos) e foi eleito o 1º. Bispo. Com esses novos Estatutos a Igreja passou a reger-se com uma nova Estrutura Administrativa - os Circuitos que, no nosso país, foram definidos nos distritos de Aveiro, Braga e Porto. A região de Lisboa, onde ainda não existia um número de comunidades que justificasse a constituição de um Circuito, foi denominada Área Missionária.

Na Casa Diocesana de Vilar, em 26 de Outubro, procedeu-se ao acto solene da Autonomia da Igreja Metodista Portuguesa com assinatura de representantes da Igreja Metodista da Grã-Bretanha e de Portugal. Ainda nesse dia em Culto Solene na igreja do Mirante foi consagrado o primeiro Bispo Metodista, Rev. Ireneu da Silva Cunha, com a presença de Bispos de Angola, Brasil e Suíça, do Presidente da Igreja Metodista da Grã-Bretanha e de um representante do Conselho Metodista Europeu.

 

No Sínodo de 2000, realizado em Braga, chegava novamente o tempo da eleição de um novo Bispo para os próximos cinco anos, que assumiria esta função, somente, em 1 de Setembro de 2001. Desta feita, foi eleito o Reverendo Sifredo Teixeira, consagrado Bispo, na igreja do Mirante, no dia 30 de Setembro desse mesmo ano, tendo estado presentes, entre outros, Bispos do Brasil, Estados Unidos, Portugal e o representante da Igreja Metodista de Inglaterra, que também representou o Conselho Europeu Metodista.

 

A Igreja tem cerca de mil membros e uma comunidade que nas várias igrejas locais dá assistência religiosa e de solidariedade social, a cerca de duas mil pessoas. A nível interno conta com a participação activa da Federação das Mulheres Metodistas, do Departamento da Juventude Metodista e dos Centros de Solidariedade Social. Na área da Comunicação, tem programas televisivos, uma página na Internet (www.igreja-metodista.pt), o devocional “No Cenáculo” e o jornal “Portugal Evangélico”, fundado em Outubro de 1920.

 

A Igreja Metodista é membro do Conselho Mundial Metodista, do Conselho Europeu Metodista, do Conselho Europeu da Juventude Metodista e da organização ecuménica conhecida como, Conferência das Igrejas da Europa. No nosso país, a Igreja Metodista é um dos membros fundadores do COPIC (Conselho Português de Igrejas Cristãs), participa no diálogo ecuménico entre as Igrejas do COPIC e a Igreja Católica Romana, faz parte da Comissão Ecuménica do Porto, do Grupo Ecuménico Jovem do Porto e do Fórum Ecuménico Jovem.

 

Os Cultos acontecem dominicalmente. Incluem um tempo de louvor e adoração através de hinos ou cânticos e orações; um tempo de leituras bíblicas e reflexão sobre o que foi lido; um tempo de oração de intercessão seguido de um tempo de acção de graças após o levantamento do ofertório; e um tempo de conclusão com uma oração final que na maioria das vezes é o Pai-nosso seguido da bênção apostólica. Durante o ano celebram-se Cultos especiais. No primeiro Domingo do ano celebra-se o chamado Culto do Pacto com Deus, onde são renovados os votos de dedicação e serviço a Deus. Na semana santa temos Cultos especiais de celebração da Santa Ceia e de reflexão em torno das palavras proferidas por Cristo na cruz. O Culto do dia de Páscoa é celebrado para expressar a alegria da Ressurreição. No segundo Domingo de Maio é celebrado o dia das mães e da família com um Culto de acção de graças. No segundo ou terceiro Domingo de Setembro é celebrado um Culto especial para marcar o início das actividades da Escola Dominical. Normalmente no segundo Domingo de Outubro é celebrado um Culto de acção de graças pelas colheitas. No Natal, normalmente no Domingo anterior, é organizada uma festa com o envolvimento da escola dominical, dos jovens e de outras pessoas que gostam de participar e no dia 25 de Dezembro celebra-se o Culto de acção de graças pelo nascimento de Jesus.

 

O estudo bíblico é feito semanalmente, seguido sempre por um tempo dedicado à oração. E, durante o ano são promovidas iniciativas para formação, para convívio e para angariação de apoios à vida da Igreja.

 

No ano em que celebramos 140 anos de vida, continuamos a procurar ser uma Igreja que em tudo possa ser uma ajuda para os e as que querem desenvolver uma relação com Deus. Porque acreditamos que quanto mais próximos de Deus, mais próximos estamos da vida abundante, do amor que tudo vence, e que desse modo também estamos mais próximos uns dos outros, com capacidade para nos entendermos e para sermos solidários.

Termina este texto lembrando três pensamentos de João Wesley que continuam a ser a forma de estar dos cristãos conhecidos como metodistas: “Pensamos e deixamos pensar.” “A minha paróquia é o mundo.” “Somos amigos de todos e inimigos de ninguém.”

Que o Senhor que é Deus, a todos e todas abençoe com muitas alegrias e com a paz de Cristo.

 

Porto, 22 de Outubro de 2011